© Ricardo Gonçalves

Pedra Do Tempo

Carla Juaçaba

Não sabemos nada sobre os minutos que passam.
Os relógios analógicos e digitais parecem estar sempre mentindo sobre a passagem do tempo, até porque alguma hora falham.
No entanto, a ampulheta é real: o tempo passa visivelmente. E pára. Como para a vida, como terminam os recursos.
Mas a pedra continua pedra.
Mesmo quando vira poeira de pedra.

Pedra do Tempo é uma instalação de grande escala produzida em xisto. É composta por quatro peças maciças de xisto, duas colocadas no chão como base, e duas em pé, esculpidas a partir do seu interior. O pó de areia atravessa as pedras, de cima a baixo, uma única vez, transformando esta instalação numa performance efêmera: uma espécie de ampulheta que conta um tempo que já passou, dos recursos que se esgotaram. Uma afirmação sobre a fragilidade dos ecossistemas naturais e a extinção dos seus recursos ao longo do tempo, reflectida ainda pela fragilidade da própria pedra, que se lasca e quebra facilmente, em oposição a outros tipos de pedra mais duras e compactas, como o granito ou o mármore.