A grande “fonte” do mármore português

O Anticlinal de Estremoz

23.09.2016

A extracção de pedra tem uma longa história em Portugal. Já no período Romano se fazia a sua exploração, com o fim de construir importantes monumentos, no que hoje é território nacional e também Espanha. Em particular os mármores, tiveram nessa altura um importante papel na área da construção.

Há uma zona geológica portuguesa, mundialmente famosa, que é a grande fonte do mármore português: o Anticlinal de Estremoz, situado no Alentejo. Um anticlinal é uma estrutura geológica que pode ser entendida como resultante de uma pressão sobre a rocha onde é originada uma dobra, em que a convexidade está voltada para cima. No caso de Estremoz apresenta uma forma elíptica (45×8 quilómetros) que se prolonga, segundo o eixo maior, desde a povoação do Cano, a Noroeste, até ao Alandroal, a Sudeste.

No panorama geomineiro português, o anticlinal de Estremoz representa a única estrutura geológica em exploração ininterrupta e, praticamente, sempre crescente nos últimos sessenta anos. As rochas ter-se-iam formado por deposição de sedimentos (fragmentos provenientes de outras rochas e transportados em cursos de água ou por acção do vento) e materiais provenientes de antigos vulcões, que se terão acumulado numa bacia de sedimentação em estratos sensivelmente horizontais. Por acção de forças tectónicas, todos estes sedimentos foram transformados e deformados, originando, respectivamente, rochas metamórficas e dobras na crusta terrestre, fazendo com que as rochas que se encontravam umas sobre as outras passassem a estar lado a lado.

anticlinal_estremoz_1300x686

No Anticlinal de Estremoz encontramos mármores que criam um mapeamento dos últimos seiscentos a setecentos milhões de anos. As suas características únicas fundamentam-se na alargada escala temporal da sua formação. Um lento movimento, que escapa à percepção humana, mas que exerce condições de pressão, atrito e assimilação, culminando na metamorfose que origina os Mármores de Estremoz.

 

Para os geólogos o mármore é exclusivamente uma rocha metamórfica cristalina e carbonatada, composta por cristais de calcite (mármore calcítico), ou dolomite (mármore dolomítico), resultante da recristalização de rochas calcárias ou dolomíticas, na maior parte de natureza sedimentar, previamente existentes.

Estima-se que estes mármores se tenham formado a cerca de cinco quilómetros de profundidade em relação à cota que actualmente ocupam. Nestas condições de pressão e temperatura, em associação com a mobilidade das placas continentais, as rochas podem deformar-se, originando dobras mais ou menos regulares em função dos materiais presentes. Tal comportamento justifica os padrões curvilíneos que os mármores frequentemente apresentam.

 

dsc08544-margarida-vilhena

© Margarida Vilhena

A etimologia da palavra mármore provém do grego marmairein ou do latim marmor e significa pedra de qualidade ou pedra branca.

 

O Anticlinal de Estremoz é um dos principais centros mundiais de extracção de mármores. A excelência destas pedras é evidenciada pela variedade cromática e também pelas suas propriedades físico-mecânicas, determinadas por exigências cada vez mais específicas dos mercados internacionais, colocando os “mármores de Estremoz” entre os melhores do mundo, sejam quais forem os parâmetros comparativos que se utilizem.

 

dsc08530-margarida-vilhena

© Margarida Vilhena

© Margarida Vilhena

© Margarida Vilhena

© Margarida Moura Guedes

© Margarida Moura Guedes