Uma História de 465 milhões de anos

Trilobites de Arouca

16.09.2016

Os animais que habitaram a Terra há milhões de anos atrás extinguiram-se, deixando apenas o registo da sua presença através de fósseis. Muitos desses vestígios são encontrados em formações rochosas, testemunhando o passado geológico da Terra. Estes elementos fossilizados têm um enorme valor histórico, essencial para o estudo da evolução das espécies e da vida na Terra pelos paleontólogos.
Em Canelas, aldeia do concelho de Arouca, na região Norte de Portugal, numa zona de exploração de xistos, têm sido encontrados diversos fósseis de animais marinhos chamados Trilobites, desaparecidos há 250 milhões de anos. O nome destes animais ancestrais advém da forma dos seu dorso dividido transversalmente por três lobos. Os fósseis mostram-nos a “impressão” do seu exoesqueleto, ou espécie de carapaça, também dividido em 3 partes: Cefalão, ou escudo cefálico (zona da cabeça, inteiriça, que incluía os olhos, peças bucais e parte do tubo digestivo); Tórax, zona intermédia articulada, constituída por segmentos idênticos; Pigídio, ou escudo caudal, a zona posterior da carapaça, constituído por uma peça única, que poderia incluir em algumas espécies, espinhos e ornamentação variada.

 

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© Luís Lopes

 

Os Trilobites desapareceram no planeta por não resistirem aos fenómenos vulcânicos e sísmicos provocados pela junção das massas continentais que originaram a Pangeia, o super-continente da era Paleozoica.

 

Os registos fósseis dos Trilobites da jazida de Canelas são de um período longínquo, têm 465 milhões de anos, e são famosos em todo o mundo pelo seu óptimo estado de preservação e pelas suas grandes dimensões. Os trilobites teriam, em média, entre 3 e 10cm de comprimento, mas considera-se a existência de casos com cerca de 80cm de comprimento. O seu sentido de visão era apurado, semelhante ao dos insectos, e a sua alimentação poderia ser detritívora, filtradora ou carnívora.
Podemos observar parte deste espólio no Museu local, do Centro de Investigação e Interpretação Geológica de Canelas-Arouca. Também no Museu Geológico em Lisboa está patente uma placa de xisto oriunda de Canelas, onde se distingue com perfeição a forma de dois exemplares adultos destes Artrópodes, da espécie Hungioides bohemicus, uma peça única no mundo.

 

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© Luís Lopes

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