As pedreiras são sem dúvida locais impressionantes, enormes escavações céu-aberto, que nos fascinam pela sua monumentalidade. A sua escala é marcante na paisagem e consequentemente no ambiente. Muitas questões se têm colocado sobre estes espaços, principalmente quando deixam de ser produtivos. É neste sentido que a sua existência tem de ser equilibrada perante diversos factores: entre o impacte ecológico e a realidade económica e socio-cultural, local ou regional, e a sua recuperação pós-exploração. Esta é também uma questão mundial, dando origem a estudos, em alguns países, sobre o impacte das pedreiras inactivas.

Portugal, não é excepção, tendo por isso sido efectuados diversos estudos na perspectiva de minimização dos problemas e até das possibilidades de efeitos benéficos sobre o ambiente. A reabilitação ambiental destes espaços é possível, mediante a existência de planos específicos, elaborados para esse fim.

Exemplos dessa reabilitação, foi o observado numa avaliação recente (David Germano, Universidade de Évora, 2013) sobre a recuperação ecológica em diferentes pedreiras inactivas distribuídas pelos concelhos de Estremoz, Borba e Vila Viçosa, uma zona extensa de exploração de mármores:

“Tal estudo centrou a atenção nas aves (avifauna), na flora e na vegetação, seleccionadas como indicadores de resiliência em pedreiras inactivas. Revela que as pedreiras inactivas e a natureza envolvente formam uma paisagem em mosaico que beneficia e promove a diversidade da avifauna assim como o desenvolvimento de novos biótopos (distintas áreas dentro de um mesmo habitat), contribuindo ainda para uma maior variedade de comunidades vegetais, que podem ir desde a vegetação característica de habitats rochosos até às comunidades dependentes de habitats aquáticos ou higrófilos providenciados por várias dessas pedreiras. De acordo com os autores do estudo, a elevada diversidade paisagística poderá ser potenciada pelo desenvolvimento de projectos que apliquem medidas de reabilitação, gestão e monitorização adequadas.”1

 

© Nelson Cristo

A exploração mineira de pedra é uma actividade humana, necessária no seu contexto de evolução social. A recuperação geológica destes espaços não é possível à escala temporal do homem, como é natural e facilmente entendível, mas a nova paisagem pode representar um leque de oportunidades ao nível da biodiversidade e da vida selvagem, com repercussões positivas em curtos espaços temporais.

1 In Callipole – Revista de Cultura n.º21 – 2013