© Ricardo Gonçalves

Water

Bijoy Jain

As Gárgulas são símbolos que canalizam a corrente, que não oferecem resistência, facilitando a transição da água, guiando-a para o solo onde continua a sua viagem de volta à sua fonte. Como todos os materiais, orgânicos ou não, estas seis peças respiram, absorvem e libertam outros materiais para sobreviverem para além do seu tempo. São uma afirmação desta verdade fundamental da natureza, uma metáfora que reflecte a interacção entre a existência e o tempo.

 

Water, por Bijoy Jain

Durante séculos, civilizações têm reconhecido a água como um elemento único e como um dos princípios essenciais, fundamental para o sustento e sobrevivência de todos os seres vivos. Sujeita à força da gravidade da terra, a água assume formas diferentes à medida que cai, procurando o seu término em volumes sólidos, na terra ou ao nível do mar. Nesses pontos, e por causa da sua composição molecular, uma aliança de gotas converge para formar um líquido, que beneficiando da sua capilaridade, movimenta-se para enveredar por um caminho de transformação. Olhando para este meio como um genus loci, estamos interessados em estudar a entidade que costuma estar associada à contenção da água.

Vaso
s.m. peça côncava para o transporte ou conservação de líquidos ou objectos pequenos.
s.m. um canal para transportar fluidos.

Impedindo que as paredes sucumbam à erosão causada por incursões que não conseguem suportar por muito tempo, encaramos as gárgulas como símbolos que canalizam a corrente, que não oferecem resistência, facilitando a transição e empurrando a água em direcção ao solo, onde continua o seu caminho de volta à sua fonte.

Todos os materiais da natureza, orgânicos ou não, respiram, absorvem e libertam outros materiais para conseguirem suportar a sua própria temporalidade. A nossa consciência desta verdade fundamental da natureza levou-nos a reflectir, metaforicamente, sobre a interacção entre a existência e o tempo.