© Joana Linda

A Thing, not an Object

ELEMENTAL

Uma peça que transforma a pedra (uma coisa) num objecto, através do uso de um estado primal da condição humana: a infância e a brincadeira. Estes dois elementos são unidos pela força da gravidade, impondo-se sobre um corpo para transformar a pedra num escorrega. A pedra transformada apela àquele momento em que a subida cria uma mistura de medo e desejo, culminando na experiência da descida. Velocidade que não necessita de coordenação física, um facto e não um talento.

 

A Thing, not an Object, por ELEMENTAL

A arquitectura tem um custo elevado; daí a importância de criar edifícios que resistam à passagem do tempo. Aqui, procuramos a intemporalidade física e estética que são características das coisas e não dos objectos. Ao contrário de um objecto, uma coisa não tem um projecto. Por exemplo, se uma pedra tiver o tamanho e a forma certas, transforma-se num banco quando nos sentamos nela (um objecto). Mas quando nos levantamos, transforma-se de novo numa coisa.

Para transformarmos uma pedra (coisa) num objecto, escolhemos utilizar um estado primal da condição humana: a infância e a brincadeira. Para as juntar escolhemos uma força inevitável: a gravidade, actuando como um peso puro sobre a matéria e sobre um corpo para transformar a pedra num escorrega. A nossa proposta remete para aquele momento em que trepar para cima de objectos suscita uma mistura de medo e um desejo inevitável para as crianças pequenas. A altura é alcançada com uma espécie de gatinhar diagonal, com mãos, pés, cotovelos, joelhos, barrigas quase a totalidade do corpo, mais através das suas capacidades tácteis do que das capacidades motoras. E quando finalmente chegam ao topo, a gravidade volta a desempenhar o seu papel: a descida a escorregar é uma experiência de velocidade sem necessitar coordenação física; um facto e não um talento.  

A forma como estamos a manusear a matéria é em si uma operação primal: subtraindo, não adicionando, como foi com as primeiras ferramentas humanas. Esta não é uma forma nostálgica de manipular a matéria; na verdade a forma de esculpir a pedra só foi possível através de tecnologias de ponta. A simplicidade é fruto do conhecimento.